Lost in Translation, que no Brasil se chama "Encontros e Desencontros", pra mim sempre será Lost in Translation. Explicando melhor: nenhum outro título cai tão bem ao filme quando o original em inglês. Durante muito tempo esse foi o meu filme preferido: baixei o disco do Jesus and Mary Chain por causa da cena final, comprei o DVD a R$12 nas Lojas Americanas, e assistia sempre que estava de TPM. E chorava, como eu chorava!
Mas um dia roubaram meu DVD, o disco do Jesus and Mary Chain ficou no HD estragado de um ex, e só sobrou a minha admiração pelo filme autobiográfico da Sofia Copola. E o meu palpite é que todo mundo tem que ver.
Primeiro, vamos pensar na diretora e autora do filme. Filha de Francis Ford Copola, ela conseguiu transformar o que seria um problema (ninguém quer ser comparado com os pais, blá blá blá...) em solução quando voltou o tema dos seus filmes pra dentro, se afastando completamente do estilo do pai. Essa Sofia, que deve ter a minha idade - e eu odeio e admiro quem tem a minha idade e já fez coisas tão geniais - estreou com As Virgens Suicidas, e é amiga do povo do Air e do Chemical Brothers. Sem dúvida, ela é uma menina rock n roll.
Agora, vamos falar da atriz principal. É a Scarlet Johansen, a única das beldades holliwoodianas que tem uma barriguinha e que, por isso mesmo, já desperta a minha simpatia. Aquela que virou musa do Woody Allen, que cantou de surpresa no show do Jesus and Mary Chain e que depois lançou um disco que fez sucesso. Rock n roll idem.
Por fim, vamos falar da locação. O filme é todo passado em Tóquio, o destino mais hype de qualquer turista, o lugar que une o tecnológico à tradição milenar, aos costumes rígidos e ao duvidoso gosto pelo karaokê. Puro rock.
E por que eu gosto tanto desse filme? Bom, porque lá pela terceira ou quarta vez que eu assisti Lost in translation, eu entendi o que ele dizia. Que a tradução que os personagens de Scarlet e Bill Murray procuravam não era pelo idioma. Era uma língua que só os dois falavam, e por isso eles se entendiam mutuamente - nem o marido da Scarlet, nem a mulher do Bill conseguiam captar o que eles falavam. Mas os dois se entendiam perfeitamente.
A minha cena favorita é, sem dúvida nenhuma, o final. O famoso sussurro, que todo mundo fica querendo saber o que é, mas que na verdade não interessa ao resto do mundo. Só quem pode entender o que foi dito naquele sussurro são aqueles dois, e portanto explicar o que foi dito é uma tentativa boba de quem também ficou perdido no filme.
Mas eu não achei a minha cena favorita no Youtube. Por isso, vou postar o trailer mesmo. E quem ficar curioso sobre o final deve pegar alugar o filme, e ver (ou rever) uma das histórias mais bonitas que eu já vi. Esse é meu palpite.