sexta-feira, 7 de maio de 2010

Guerra ao Avatar

O sargento Willian James, recém chegado do Iraque, olha confuso para uma enorme parede de supermercado, onde dezenas de tipos diferentes de cereal matinal estão à disposição dos clientes. Pra mim, essa é a melhor cena de Guerra ao Terror: o cara volta de um país onde faltam condições básicas de sobrevivência e dá de cara com a sua terra natal, o lugar das oportunidades e do consumo, lar da "polícia do mundo".

Eu gostei de Guerra ao terror. Faz sentido ele ter levado o prêmio da Academia, porque definitivamente é um filme de Oscar. Tem o herói inconsequente, que não respeita as regras. Tem o cara que não gosta do herói, mas que depois vira seu melhor amigo. Tem o garoto novinho que foi jogado no combate. Todos os elementos estão ali. Mas o motivo que me fez gostar do filme é que, além de ser uma produção barata (que contrasta absurdamente com o outro favorito ao Oscar, Avatar), esse filme é um filme de roteirista. Guerra ao terror só existe porque o Mark Boal se meteu no Iraque, passou não sei quanto tempo lá, escreveu o filme e entregou nas mãos da Kathryn Bigelow.

O fato de ele ter sido lançado diretamente em DVD aqui no Brasil me faz pensar se os responsáveis por trazer títulos estrangeiros pra cá não estão muito equivocados quanto ao gosto do brasileiro. Ou eles acham que a gente não passa de um bando de ignorantes, ou eles não entendem nada de cinema blockbuster. De qualquer forma, ainda dá tempo. Eu peguei no vídeo. Você ainda pode ver no cinema, se animar.

E esse é o meu palpite de melhor cena (que só funciona, obviamente, no contexto geral do filme):

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Pseudo Bossa Nova (e boa)

Sexta passada foi dia de show do Nouvelle Vague no Circo Voador. Em qualquer outra situação, eu consideraria uma concorrência desleal estar no mesmo raio de 100 metros daquelas meninas francesas lindas, magras e fofas. Mas na situação do Circo, tudo bem. Primeiro, porque o show foi incrível, muito melhor que o de 2007 - e nem o bando de playboys que dominou o Circo no dia conseguiu estragar. Segundo porque foi baratinho (um quilo de alimento + R$60). Terceiro porque francesas lindas combinam com palcos e arranjo lounge. Então, tudo estava certo.

O Nouvelle Vague é uma banda francesa que tem como objetivo transformar clássicos do punk rock e do new wave em... bossa nova. Não preciso nem dizer o quanto os integrantes são apaixonados pelo Brasil. Principalmente pelo Rio de Janeiro, cidade que os franceses, de modo geral, adoram adorar. A música do Nouvelle Vague dá vontade de ficar abraçadinho com alguém. É fofa, é calminha, mas também pode ser dançante, como foi provado na noite do show.

Eu acho que eles estão deixando de lado essa história de bossa nova - o que pra mim, sinceramente, não faz nenhuma diferença. E, dentre as novidades, estão as cantoras: a belga Helena Nogueira, e a brasileira Karina Zeviani, que também cantava no Thievery Corporation (e que me irritou pessoalmente por não ter um milímetro de gordura mal localizada no corpo).

O ponto alto do show foi a cover de Blisters in the Sun, do Violent Femmes. O público fez corinho (tudo bem, só no refrão, mas já vale, né), dançou junto, animou. Depois dessa música, o show subiu um degrau, só com músicas incríveis: Too drunk to fuck, Matter of Speaking, Blue Monday... Aí já estava tudo dominado. Na hora do bis, os músicos voltaram três vezes ao placo. E com certeza teriam voltado mais, se houvesse tempo. O povo só saiu de perto do palco soltaram aquelas músicas característica de "acredite, o show acabou". Mas todo mundo foi embora feliz. E mais fofinho.

Abaixo, um trecho que alguém conseguiu filmar de Blisters in The sun e In a Manner of Speaking no Circo. Pra quem quiser se animar de baixar a banda.