segunda-feira, 8 de março de 2010

Na correnteza

Não assisto à maioria dos diretores brasileiros. Não vejo Cacá Diegues, nem Bruno Barreto, muito menos Hector Babenco. É um preconceito, eu assumo: não gosto dos dinossauros do cinema brasileiro. Mas gosto de todos os outros répteis cinematográficos. E foi assim que me permiti assistir À Deriva, do Heitor Dhalia, o mesmo diretor de O Cheiro do Ralo, que eu nem gostei tanto assim. O que me atraiu no último filme de Dhalia foi o cartaz maravilhoso, que remete um pouquinho aos filmes europeus, não é? E, depois de ver À Deriva, acho que a obra não fica nem um pouco atrás de uma produção européia. Aliás, a fotografia é uma das mais bonitas do cinema brasileiro - comparando dentro do meu pouco conhecimento sobre o gênero, é claro.

À Deriva conta a história de Felipa, uma menina de 14 anos que tem um verão arrasador em Búzios. Descobre que o pai tem um caso, que a vida dos adultos é cheia de mentiras e hipocrisias, descobre um beijo na boca de um menino que é apaixonado por ela - mas que ela não parece gostar tanto dele - e descobre outras muitas coisas que talvez sejam precoces demais para uma adolescente.

É triste, já deu pra sacar. Mas também é bonito. Cada take é inspirador, e a menina que tem o papel principal, Laura Neiva, cumpre direitinho sua tarefa. É o tipo de filme que faz a gente pensar se quer ser aquilo quando crescer, assumindo que mesmo quem tem 70 anos ainda não cresceu de vez.

Não sei dizer qual é a sequência que eu mais gosto do filme. Mas sei que existem vários momentos que eu entendi aquela garota, pelo menos um dos mil conflitos que ela estava passando ao mesmo tempo. Eu acho que vale a pena passar na locadora e assistir ao dvd em um sábado ensolarado à tarde. Porque depois que acaba, a gente fica meio melancólica, então é bom ter o sol de quase domingo pra esquentar a alma de novo.