terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Um argentino que vale a pena


Conheci Kevin Johansen através de um amigo que ganha dinheiro por ser antenado com o que há de mais novo no mundo. Não que o cantor argentino, filho de ingleses, esteja na estrada há pouco tempo. Mas ele é pouco ou nada conhecido no Brasil, com essa mania que a gente tem de evitar tudo o que é cantado em espanhol, principalmente se for da América Latina. Kevin Johansen até que gosta do Brasil, gravou umas músicas com o Paulinho Moska, cita Porto Alegre nas letras (bom, mas gaúchos estão mais pra portenhos que pra brasileiros, né?), vive brincando com a nossa proximidade. Mas vir ao Brasil que é bom, nada. E olha que eu já deixei um recado no site do cantor, usando meu péssimo espanhol, pedindo que ele tocasse no Rio e em São Paulo. E nem uma mensagem automática eu recebi de volta, agradecendo o contato... Vai ver, acharam que era trote.

Já que eu não tinha como conversar sobre KJ com brasileiros, conversei com os argentinos, onde o cara é bastante conhecido e admirado. Na época eu só tinha ouvido o disco City Zen, mas os meus amigos gringos pediram encarecidamente que eu baixasse o último lançamento dele, chamado Logo. Disseram que era muito melhor musicalmente, mais maduro, etc etc. E eu baixei.

Realmente, Logo é muito bom. Tem humor. Tem boas letras. Tem músicas lindas, que misturam aquela coisa clássica argentina com pop. Fica bom pra caramba, dá vontade de aprender a dançar tango. Dá vontade de cantar junto em espanhol, mesmo que você não fale espanhol. E dá vontade de ver o show do cara, e de mandar email pedindo que ele venha ao Brasil. Emails que nunca serão respondidos.

Do Logo, a música que eu mais gosto é Oh my love. Acho forte, bonita, intensa. Como a maioria das letras dele, parte é cantada em espanhol, parte em inglês. O fato de ser bilíngue torna tudo ainda mais diferente do que a gente costuma ouvir - a tradução quase simultânea de um idioma e outro é engraçada pro si só, porque as saídas encontradas pelo Johansen pra que o verso em inglês caiba no mesmo tempo do verso em espanhol são divertidas.
Ah, e a banda dele se chama The Nada. Vai dizer que o cara não tem bom humor!

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Pros dias de sol: Air, disco Love 2

Air é a banda mais ensolarada que já existiu. Mesmo que esteja um tempo horrível lá fora, quando coloco alguma música dos franceses no meu lap/dvd/mp3 player, imediatamente me imagino na beira de uma grande piscina azul, com um chapéu de palha monstruoso, segurando um copo de vodka com suco de laranja. Talvez pelo clima relax-total das canções, talvez pelo bom humor quase infantil das letras. Air é uma banda do bem, que infelizmente ameaçou, mas ainda não deu as caras por aqui. E pras bandas do bem que nem de perto têm uma data para tocar no Brasil, a gente tem que dar uma atenção especial. Pro caso de eles resolverem aparecer. Vai que acontece.

Em 2009, o Air lançou seu nono disco, carinhosamente nomeado de Love 2. Poderia até soar hippie, se os francesinhos não fossem tão avant-garde: afinal de contas, os dois conseguiram fazer música eletrônica sem cara de música de robô. Quem não gosta de eletrônica tem grandes chances de gostar de Air, caso se dispa dos preconceitos que ainda cercam os conservadores ("som bom mesmo era o do vinil", música não pode ser feita com computador", "nada de novo se criou depois de 1970". Haja paciência).

Das músicas do disco novo , a que mais me encantou foi Sing Sang Sung. O clipe é a coisa mais cool - bacana - fofinha dos últimos dez minutos (e é claro que eu vou roubar um link do Youtube pra colocar ele aqui). E, diga-se, Love 2 é muito melhor do que seu antecessor, Pocket Symphony - que eu também gosto, é claro. Mas eu quase não conto, porque sou fã, e fã é sempre meio idiota.

Se eu ainda tiver algum argumento sobrando para convencer alguém de que vale a pena baixar Love 2, aí embaixo vai o link do vídeo de Sing Sang Sung. Duvido alguém deixar de sorrir depois de assistir a esse clipe.

http://www.youtube.com/watch?v=WuSPRu4lzag

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Pra estrear: Monstros Invisíveis - Chuck Palahniuk



Eu tenho uma implicância com esses autores gringos bombados da atualidade. Mas acho que essa implicância se deve muito à tradução pro português, que às vezes me faz lembrar daquela revista Bizz Letras Traduzidas. Coisas do tipo: "oh, garota, me beije forte". Frases que simplesmente não rolam na literatura brasileira.

Mas sejamos francos: o Chuck Palahniuk é legal. Ele escreveu Clube da Luta, que tem um texto bom e uma das melhores frase de todos os tempos: "Qual faqueiro me define como pessoa?" Alguém que escreve isso tem que ter uma dose de talento, certo?

Monstros Invisíveis conta a história de uma ex-modelo desfigurada que sai de carro pelos Estados Unidos com seu antigo namorado e uma traveca. Um road movie em forma de livro. Com a maior pinta de ter sido escrito com o olho na adaptação pro cinema: tem até uma virada no final que poderia ser um roteiro do M. Night Shyamalan. E é uma virada realmente surpreendente (o que já não se pode dizer dos roteiros do M. Night Shyamalan).

É bom porque a gente lê em uma levada só, em qualquer lugar, sem precisar se concentrar muito pra isso. Justamente porque é uma leitura fácil, eu fiquei compulsiva: na fila do banco, tava lá eu com o meu livro. Na praia também. Entre um comercial e outro da TV. É leitura que não muda a vida de ninguém, mas diverte.

Mas vacila com essa linguagem estranha dos livros de escritores pop traduzidos. Acho que se eu tivesse lido em inglês, não estaria tão incomodada. Mas eu li em português, e às vezes ficava parecendo que ia surgir um "yeah, baby", a qualquer momento. Essas traduções não são exatamente um primor de estilo. E eu sempre achei que livro bom é aquele que dá vontade do leitor sair escrevendo também. Pois é, com Monstros Invisíveis isso não acontece.

Palpiteira, eu?

Meu namorado diz que eu sou palpiteira. Que eu gosto de dar opinião em tudo, mesmo quando ninguém me perguntou. O pior é que e é verdade. Eu quase sempre tenho uma opinião a dar sobre um livro que li, um filme que vi, um disco que ouvi. Falo tanto, mas tanto, sobre as coisas que eu gosto, que acabo estragando a experiência para um debutante na arte em questão. Sabe aquela coisa de criar expectativa nos outros? Pois é. Eu faço isso.
Mas eu prometo que vai ser legal. E que não vou me empolgar tanto. Só às vezes. aí pode, né?