Conheci Kevin Johansen através de um amigo que ganha dinheiro por ser antenado com o que há de mais novo no mundo. Não que o cantor argentino, filho de ingleses, esteja na estrada há pouco tempo. Mas ele é pouco ou nada conhecido no Brasil, com essa mania que a gente tem de evitar tudo o que é cantado em espanhol, principalmente se for da América Latina. Kevin Johansen até que gosta do Brasil, gravou umas músicas com o Paulinho Moska, cita Porto Alegre nas letras (bom, mas gaúchos estão mais pra portenhos que pra brasileiros, né?), vive brincando com a nossa proximidade. Mas vir ao Brasil que é bom, nada. E olha que eu já deixei um recado no site do cantor, usando meu péssimo espanhol, pedindo que ele tocasse no Rio e em São Paulo. E nem uma mensagem automática eu recebi de volta, agradecendo o contato... Vai ver, acharam que era trote.
Já que eu não tinha como conversar sobre KJ com brasileiros, conversei com os argentinos, onde o cara é bastante conhecido e admirado. Na época eu só tinha ouvido o disco City Zen, mas os meus amigos gringos pediram encarecidamente que eu baixasse o último lançamento dele, chamado Logo. Disseram que era muito melhor musicalmente, mais maduro, etc etc. E eu baixei.
Realmente, Logo é muito bom. Tem humor. Tem boas letras. Tem músicas lindas, que misturam aquela coisa clássica argentina com pop. Fica bom pra caramba, dá vontade de aprender a dançar tango. Dá vontade de cantar junto em espanhol, mesmo que você não fale espanhol. E dá vontade de ver o show do cara, e de mandar email pedindo que ele venha ao Brasil. Emails que nunca serão respondidos.
Do Logo, a música que eu mais gosto é Oh my love. Acho forte, bonita, intensa. Como a maioria das letras dele, parte é cantada em espanhol, parte em inglês. O fato de ser bilíngue torna tudo ainda mais diferente do que a gente costuma ouvir - a tradução quase simultânea de um idioma e outro é engraçada pro si só, porque as saídas encontradas pelo Johansen pra que o verso em inglês caiba no mesmo tempo do verso em espanhol são divertidas.
Ah, e a banda dele se chama The Nada. Vai dizer que o cara não tem bom humor!